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A importância de uma muçulmana ganhar

Rasheed Abou-Alsamh
By:
Rasheed Abou-Alsamh
November 5, 2015
March 16, 2022
Samira Ghannoum, a vencedora de Bake-Off Brasil, segura um livro de receitas com ela na capa.
A importância de uma muçulmana ganhar
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A importância de uma muçulmana ganhar

Samira Ghannoum, a vencedora de Bake-Off Brasil, segura um livro de receitas com ela na capa.

Como o Brasil é um país de maioria católica, o Islã ainda é visto como uma religião estranha e exótica, importada do além

Por Rasheed Abou-Alsamh

À primeira vista, pode parecer bobagem eu me sentir feliz porque uma mulher muçulmana brasileira venceu a primeira edição do reality show “Bake Off Brasil”, transmitido pela rede de televisão SBT. Mas, lembrando a intensidade alarmante da islamofobia e a falta de conhecimento dos princípios básicos do Islã no Brasil de hoje, o prazer sobre sua vitória começa a fazer muito sentido.

Samira Ghannoum, de 42 anos, de ascendência libanesa, ganhou o “Bake Off Brasil” na noite de 17 de outubro, com seu bolo de casamento, que ela tinha que terminar em duas horas e meia. Dona de casa, casada, ela mora em São Paulo com o marido e cinco filhos e já fazia e vendia bolos e doces para ganhar algum dinheiro extra, principalmente para a grande comunidade árabe local. Ela também venceu a maioria dos desafios semanais nestas 13 semanas de competição, e recebeu elogios dos jurados Carolina Fiorentina e Fabrízio Fasano Jr., por ser a cozinheira mais consistente.

E eu mencionei que Samira veste o hijab? Com isso, ela certamente ganhou muita atenção aqui no Brasil, onde muitas mulheres tentam se vestir com o mínimo de roupa possível. Sua observância das restrições dietéticas islâmicas lhe valeu uma briga em um dos episódios com um dos jurados, Fabrízio, quando ela se recusou a usar uma bebida alcoólica tradicionalmente utilizada na preparação da sobremesa italiana tiramisu. Mas ela tinha avisado ao júri de que se recusaria a cozinhar com quaisquer produtos alcoólicos ou de porco. Mais tarde, ele lhe pediu desculpas, e disse esperar que Samira o perdoasse.

O assédio e a discriminação que as mulheres muçulmanas que usam o hijab enfrentam no Brasil é grande, de acordo com uma convertida brasileira que falou comigo. Como o Brasil é um país de maioria católica, o Islã ainda é visto como uma religião estranha e exótica, importada do além. E, depois dos ataques terroristas de 11 de setembro de 2001, a Nova York e Washington, o ódio contra árabes e muçulmanos tem crescido muito no Ocidente, inclusive no Brasil.

Na semana passada, quando O GLOBO publicou uma reportagem na sua pagina no Facebook sobre a debandada em Mina durante o Hajj (peregrinação de muçulmanos a Meca) deste ano, vários leitores postaram comentários ignorantes, dizendo que o Hajj é um evento à moda antiga e supersticioso. Felizmente, alguns brasileiros mais esclarecidos entraram na conversa e disseram que não tinha nada a ver com superstição e que era um dever de todos os muçulmanos adultos fazer o Hajj pelo menos uma vez em suas vidas. Para mim, isso apenas mostrou como alguns brasileiros são mal informados sobre os aspectos mais básicos do Islã.

Essa falta de empatia com muçulmanos está afetando até os refugiados sírios chegando ao Brasil. E está vindo de um grupo de pessoas do qual mal se esperava: os próprios brasileiros de ascendência árabe, libaneses e sírios cristãos. É fato que a maioria da comunidade árabe brasileira é cristã e, por isso, tem um receio desses novos imigrantes muçulmanos mudarem seus costumes e hábitos. Mas eu acho essa falta de empatia com seus compatriotas sírios muçulmanos, chegando aqui para escapar da guerra civil sangrenta na Síria, extremamente lamentável e triste. Esperava-se mais da comunidade árabe brasileira.

Espero sinceramente que a conquista de uma competição gastronômica na TV por uma mulher muçulmana brasileira vestindo o hijab inspire aqueles brasileiros mais ignorantes, que têm ideias malucas e distorcidas sobre o Islã e seus seguidores, a procurar respostas corretas.

“Ganhar é apenas o começo. Eu não quero ser lembrada como apenas mais uma vencedora de um reality show,” disse Samira, depois de vencer a competição. “Eu me sinto muito feliz por ser a primeira mulher muçulmana de ascendência árabe que participou de um_reality show_ no Brasil, mas isso não me faz mais especial do que os outros, isso me dá mais responsabilidade. Acredito que vou realizar meu sonho de ter a minha própria confeitaria. Agradeço a todos vocês que não me julgaram e que respeitaram a minha cultura.”

A Federação das Associações Muçulmanas do Brasil orgulhosamente postou um artigo sobre a vitória de Samira em seu site, com uma imagem dela segurando um livro de culinária com sua foto na capa. Como seu prêmio por vencer a competição, os produtores do programa vão publicar um livro de receitas de Samira e vendê-lo em livrarias de todo o Brasil.

Como minha amiga muçulmana brasileira me disse: “Samira ganhar o ‘Bake Off Brasil’ fez mais para promover o Islã no Brasil do que vários xeques fizeram ao longo dos últimos anos.” É triste, mas é verdade. O poder dos meios de comunicação de massa é realmente enorme e devemos usá-lo para promover uma visão mais justa e mais equilibrada do Islã do que a versão distorcida que está lá fora, alimentando a islamofobia de tantos.

Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/opiniao/a-importancia-de-uma-muculmana-ganhar-17919433#ixzz3qfGnMzPZ

Rasheed Abou-Alsamh
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