Categories
Politics
Reflections
Arts & Culture
Consumer
HomeAboutContact

Subscribe for updates

Thank you! Your submission has been received!
Oops! Something went wrong while submitting the form.
HomeAboutContact
Politics
Reflections
Arts & Culture
Consumer
Twitterfacebooklinkedinemail
print
Politics

O Egito entre islamistas e o velho regime

Rasheed Abou-Alsamh
By:
Rasheed Abou-Alsamh
June 1, 2012
March 16, 2022
Mohammed Morsi, na esquerda, e Ahmed Shafiq
O Egito entre islamistas e o velho regime
Share this:
Twitterfacebooklinkedinemail
print

O Egito entre islamistas e o velho regime

Mohammed Morsi, na esquerda, e Ahmed Shafiq

Esse é minha coluna que foi publicada no O Globo de 1 de junho, 2012:

Rasheed Abou-Alsamh

Os resultados das primeiras eleições presidenciais egípcias verdadeiramente democráticas, nos dias 23 e 24 de maio, mostrando o candidato da Irmandade Muçulmana, Mohammed Morsi, e o candidato ligado ao antigo regime do Hosni Mubarak, Ahmed Shafiq, vitoriosos no primeiro turno, deixarammuitos egípcios perplexos e furiosos com a perspectiva de que os sacrifícios feitos por manifestantes ao longo do ano passado possam resultar em vão.

No final da contagem, Morsi ficou com 5.578.760 votos, ou 25%; Shafiq ficou com 5.333.840 votos (24%); o esquerdista Hamdeen Sabahi ficou com 4.670.939 votos (21%); o islamista liberal Abdel Moneim Aboul Fotouh ficou com 3.919.727 (18%); em quinto lugar ficou o ex-secretário-geral da Liga Árabe, Amr Moussa, com 2.391.214 votos (11%).

De fato, muitos ficaram surpresos com o péssimo desempenho de Moussa, porque, em quase todas as sondagens de opinião pública feitas antes do primeiro turno, ele figurava em primeiro ou segundo lugar. A grande surpresa dessa eleição foi o nasserista Sabahi, que surpreendeu todo mundo com um desempenho excelente nas urnas, chegando em terceiro lugar. Ele era o candidato azarão, em quem muitas pessoas não prestaram atenção. Para muitos eleitores ele era o único candidato não islamita e não ligado ao velho regime que podia salvaguardar as realizações da revolução de 25 de janeiro de 2011.

Agora, os eleitores são confrontados com uma escolha nada agradável no segundo turno, em 16 e 17 de junho, entre Morsi — que, com a maioria que o Partido de Justiça e Liberdade da Irmandade já tem no Parlamento, ameaça sufocar o país com um Estado islâmico — e Shafiq, um ex-militar que foi o derradeiro primeiroministro de Mubarak antes de sua queda, e que não é nenhum amigo da revolução.

O choque de ter que enfrentar esta escolha tão terrível deixou muitos ativistas jovens abalados, e alguns quase histéricos. Uma jovem postou o seguinte no Twitter dela: “Por que Aboul Fotouh e Sabahi não juntaram suas candidaturas, em vez de dividir o voto progressista? Eu amaldiçoo ambos!” Um outro ativista disse, também no Twitter, que queria se mudar do Egito porque não aguentava viver num país com qualquer um dos dois vitoriosos como presidente.

Essa avalanche de preocupações forçou Morsi a declarar que haveria mulheres e cristãos no governo dele, e enfatizou que não ia impor a Sharia, a lei islâmica, e tampouco forçar as mulheres a se cobrir em público. Shafiq também se viu obrigado a declarar que apoia a revolução e que ia devolvê-la à juventude. “Eu prometo a todos os egípcios que vou começar uma nova era. Não vamos voltar ao passado. Não queremos reproduzir o antigo regime. O passado está morto”, disse Shafiq.

Os eleitores têm no segundo turno uma nada agradável escolha

Ambos os islamistas e os políticos ligados ao velho regime de Mubarak têm reputação de não cumprirem promessas. Os islamistas prometeram não dominar o Parlamento, e depois de ganhar mais de 56% dos assentos encheram a Assembleia Constitucional, encarregada de redigir uma nova Constituição, coisa que ainda não completaram. Isso levou a uma paralisação dos trabalhos até uma nova composição ser acordada.

Muitos boatos voaram imediatamente depois da contagem dos votos, dando conta que Sabahi e Aboul Fotouh apoiariam a candidatura de Morsi, e que eles podiam ser escolhidos como vice-presidentes. Os dois negaram que irão apoiar Morsi, mas a possibilidade de o vencedor formar um governo de coalizão com a integração dos seus concorrentes ainda existe. No sistema político egípcio, o presidente, que é eleito, tem o direito de nomear mais de uma pessoa para atuar como seu vice. Isso em teoria deixari a porta aberta para quem ganhar a eleição nomear um cristão, uma mulher, um islamista e um nacionalista para esses cargos.

Mas os progressistas não estão deixando nada acontecer por acaso. Forcas políticas liberais e esquerdistas se uniram esta semana, incluindo o Moussa e o também derrotado candidato à Presidência Khaled Ali, para formular um documento de penhor com 12 ações para proteger a revolução e o Estado civil. É esperado que os dois candidatos restantes para a Presidência publicamente aceitem o documento, que vai, entre outras coisas, insistir que cada postulante anuncie, antes do segundo turno, as suas equipes, incluindo o nome do futuro primeiro-ministro, e que se comprometam a construir um governo de coalizão que inclua mulheres, cristãos e representantes da juventude.

Em cima de tudo isso, resta ainda à Corte Constitucional dar um parecer sobre uma lei de cassação de direitos políticos que passou pelo Parlamento em abril e foi aprovada pelo Supremo Conselhodas Forças Armadas. A lei prevê a inelegibilidade de qualquer oficial de alto escalão que tenha exercido cargo nos últimos dez anos do governo de Mubarak. Se a lei for mantida, bloqueará o caminho da Presidência para Shafiq, já que ele foi o último primeiro-ministro do presidente deposto.

A indefinição quanto à possibilidade de Shafiq ficar inelegível e os poderes da Presidência ainda indefinidos por causa da falta de uma nova Constituição deixam a situação política e econômica num quadro de incerteza que não é nada bom para o futuro do Egito.

Rasheed Abou-Alsamh
By:
Rasheed Abou-Alsamh
Tags:
Egito
Portuguese Posts
Share this:
Twitterfacebooklinkedinemail
print

Comments

Be the first to leave a comment!

Leave a comment

Name
Comment
Your comment has been submitted! Refresh your page, it will appear shortly.
Oops! Something went wrong while submitting the form. Try again!

Other posts

·
Latest Posts
·
Latest Posts
·
Latest Posts
·
Latest Posts
·
Latest Posts
·
Latest Posts
·
Latest Posts
·
Latest Posts
·
Latest Posts
·
Latest Posts
·
Latest Posts
·
Latest Posts
·
Latest Posts
·
Latest Posts
·
Latest Posts
·
The driving lunatics of Texas
November 28, 2021
March 16, 2022

The driving lunatics of Texas

By:
Rasheed Abou-Alsamh
Getting by
Reflections
August 31, 2020
February 18, 2023

Getting by

By:
Rasheed Abou-Alsamh
Vizinhos sem noção, máscaras e a pandemia
August 12, 2020
March 16, 2022

Vizinhos sem noção, máscaras e a pandemia

By:
Rasheed Abou-Alsamh
A invasão do Kuwait ainda choca 30 anos depois
August 12, 2020
March 16, 2022

A invasão do Kuwait ainda choca 30 anos depois

By:
Rasheed Abou-Alsamh
Previous
Next
4 / 71
Politics
December 19, 2014
March 24, 2022

Minha entrevista com a Radio Sputnik sobre a tortura da CIA

By:
Rasheed Abou-Alsamh
Politics
October 17, 2014
March 24, 2022

Jovens do PSDB repudiam ataque de militante pro-Dilma

By:
Rasheed Abou-Alsamh
December 20, 2013
February 18, 2023

Os estrangeiros descontentes

By:
Rasheed Abou-Alsamh
June 17, 2012
March 16, 2022

Síria: Um silêncio vergonhoso

By:
Rasheed Abou-Alsamh
Next
1 / 85
RW Logo
HomeAboutContact
Categories
Politics
Reflections
Arts & Culture
Consumer
Subscribe for updates
Thank you! Your submission has been received!
Oops! Something went wrong while submitting the form.

© Rasheed's World 2021. All rights reserved.

Site by