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Precisamos de um novo calendário

Rasheed Abou-Alsamh
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Rasheed Abou-Alsamh
January 20, 2014
March 16, 2022
Precisamos de um novo calendário
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Precisamos de um novo calendário

O Brasil perdeu produtividade no fim de ano com o Natal e o réveillon caindo numa terça-feira

RASHEED ABOU-ALSAMH

Nascido de pais de mundos diferentes, minha mãe é americana e meu pai era árabe, eu automaticamente nasci em dois mundos e calendários diferentes. No calendário gregoriano nasci no dia 10 de maio de 1964. No calendário islâmico, no dia 22 de Dhul Hijja do ano 1383. Por um erro administrativo na Arábia Saudita fui registrado como nascido no dia 1 de Rajab do ano 1384, que no calendário gregoriano equivale ao dia 6 de novembro de 1964. Essa confusão atingiu muitas pessoas na Arábia Saudita, inclusive a minha amiga Abeer, que como eu nasceu em 1964, mas acabou com a mesma data de aniversário que deram para mim — ou seja, o dia 6 de novembro.

O calendário islâmico é lunar e tem 12 meses. Cada mês não pode ter menos de 29 dias ou mais de 30 dias. Isso leva as datas a se mover e cair 14 dias mais cedo a cada ano em relação ao calendário gregoriano. Por isso, o mês de Ramadã, quando todos os adultos muçulmanos devem ficar de jejum durante o dia, acontece em estações diferentes ao longo dos anos. Às vezes é no calor do verão, e às vezes é no inverno. Meu pai gostava de me dizer que isso foi feito de propósito para ser justo com todos os muçulmanos, independentemente de onde moravam na Terra. Mas tenho dúvidas que os sábios que criaram o calendário islâmico sabiam que isso ia acontecer.

No calendário islâmico, que começa no ano em que o profeta Maomé fugiu para Medina, em 622, não há um ano bissexto, como há no calendário gregoriano a cada quatro anos. E o ano islâmico de 354 ou 355 dias é mais curto do que o ano gregoriano, que tem 365 dias.

De acordo com o centro americano de análise Stratfor, a Inglaterra perdeu 11 dias quando adotou o calendário gregoriano, em 1752 — uns 170 anos depois de ele ter sido introduzido pelo Papa Gregório XIII, em 1582. Antes disso, o mundo cristão seguia o calendário juliano, implementado por Júlio César em 45 A.C. O ano que antecedeu o novo calendário foi chamado de “ano final de confusão”, porque durou 445 dias. As igrejas cristãs ortodoxas ainda seguem o calendário juliano, e é por isso que o Natal e o Ano Novo deles são sempre 11 dias depois das datas celebradas no calendário gregoriano.

O movimento de datas importantes no calendário gregoriano pelos sete dias da semana tem levado defensores de reformas a declarar que devíamos mudar para um novo calendário, no qual todas as datas de cada ano sempre cairiam no mesmo dia da semana. Por exemplo, nesse calendário, o Natal e Ano Novo sempre iam cair num domingo. Isso levaria a ganhos reais em produtividade econômica. A Stratfor cita um estudo britânico que diz que, se todos os feriados nacionais na Grã-Bretanha fossem movidos para cair em fins de semana, o PIB ia crescer 1% ao ano. E com certeza o Brasil perdeu produtividade nesse fim de ano com o Natal e o réveillon caindo numa terça-feira, efetivamente zerando qualquer crescimento econômico nestas duas semanas.

Uma dessas propostas é o calendário Hanke-Henry, inventado pelo astrofísico americano Richard Conn Henry e seu colega economista Steve Hanke, em 2012. Esse calendário teria 364 dias com trimestres de igual duração. Problemas com os cálculos de juros iam desaparecer, e os criadores desse novo calendário calculam que poderia haver uma economia de US$ 130 bilhões por ano no mundo inteiro. Nesse calendário, o primeiro dia do ano sempre ia cair num domingo, e janeiro ia ter somente 30 dias; fevereiro teria 30 dias; março 31; abril 30; maio 30; junho 31; julho 30; agosto 30; setembro 31; outubro 30; novembro 30; e dezembro teria 31 dias. A cada cinco ou seis anos uma semana extra de sete dias ia ser inserida no fim de dezembro para ajustar os calendários lunar e solar, já que os anos bissextos não existiriam mais.

Um calendário assim não deveria ter oposição das igrejas, porque fixaria as datas religiosas. Instituições educacionais também lucrariam com isso, pois poderiam planejar o ano acadêmico com datas fixas, e não ter que mudar férias de Natal ou verão em razão de as datas caírem em dias diferentes da semana a cada ano.

Mas sempre haverá resistência à mudança por vários segmentos da sociedade. Por exemplo, na Arábia Saudita os dias do fim da semana finalmente foram mudados no ano passado, depois de anos de debate. Até junho de 2013, o fim de semana saudita era quinta e sexta-feira. Sexta-feira é o dia de descanso para muçulmanos, o dia em que eles rezam juntos na mesquita, como o domingo é para cristãos. Mas isto deixava somente três dias úteis para trabalhar com o resto do mundo: segunda, terça e quarta. Opositores da mudança do fim de semana saudita diziam que era contra o Islã fazer isso, e que não podiam ter o mesmo dia de folga que os judeus (o sábado). Mas as forças econômicas falaram mais alto depois que o governo viu que empresas sauditas estavam perdendo negócios pela diferença de dias de folga entre Arábia Saudita e o resto do mundo.

Com certeza muitos países iam resistir a adotar o calendário Hanke-Henry por ser uma invenção americana. Tudo bem. Mas que precisamos de um novo calendário mais lógico e estável, disso não tenho dúvida.

URL: http://glo.bo/1cTMTmw

Rasheed Abou-Alsamh
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Arabia Saudita
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