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Bahrein: gás lacrimogêneo brasileiro faz vítimas

Rasheed Abou-Alsamh
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Rasheed Abou-Alsamh
January 8, 2012
March 24, 2022
Bahrein: gás lacrimogêneo brasileiro faz vítimas
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Entre as muitas cápsulas de gás lacrimogêneo recolhidas pelos ativistas pró-reforma do Bahrein, chamam a atenção as prateadas, cujos rótulos impressos em azul ostentam a bandeira de um país bem distante — o Brasil. Os protestos incessantes da maioria xiita contra a monarquia sunita comandada pelo rei Hamad Bin Issa al-Khalifa se concentravam na chamada Praça da Pérola, na capital, Manama, e se espalharam por vilarejos próximos, sendo reprimidos pela polícia com verdadeiras chuvas de gás branco e espesso. Em tese, o armamento é não letal. Mas já fez vítimas. E vem assustando os manifestantes que exigem o fim da discriminação contra os xiitas e pedem uma monarquia constitucional.

— Algumas pessoas acham que o gás lacrimogêneo do Brasil tem mais substâncias químicas. Há algum tipo de ingrediente que, em alguns casos, leva as pessoas a espumarem pela boca e outros sintomas. Não estamos seguros sobre sua composição, mas essas reações têm sido muito assustadoras. É muito pior que o gás americano — contou ao GLOBO a ativista de direitos humanos Zainab al-Khawaja.

Aos 28 anos, casada e mãe de uma filha de 2 anos, Zainab é uma das mais ativas vozes da oposição bareinita. Seu nome no Twitter — @AngryArabiyah (árabe furiosa) — evidencia seu descontentamento com o regime al-Khalifa e, principalmente, com as frequentes violações de direitos humanos. Ela é filha do mais proeminente ativista político do país, Abdulhadi al-Khawaja, ex-diretor da ONG Centro para os Direitos Humanos de Bahrein. Preso em abril do ano passado, ele foi surrado tão violentamente que perdeu a consciência. Condenado por uma corte marcial por "crimes contra o Estado", al-Khawaja foi sentenciado à prisão perpétua em junho passado, junto com outros sete dissidentes.

Zainab também já vivenciou os cárceres de Manama. Foi detida várias vezes por participar das manifestações e pelas twittadas dramáticas. Agora, se preocupa com o gás feito no Brasil — cuja aparição é cada vez mais frequente.

— Um bebê de cinco dias morreu vítima do gás brasileiro. Seu nome era Sajida, morava na aldeia de Bilad-Kadim, onde há casas pobres, com rachaduras (na parede) por onde o gás lacrimogêneo entra facilmente — disse a ativista, em um conversa via Skype.

Com o bairro tomado pelas nuvens de gás, a casa foi contaminada, e o bebê morreu quando os pais socorriam outra filha, mais velha.

As imagens divulgadas por vários bareinitas na internet mostram artefatos metálicos prateados. Há uma identificação do lote, a bandeira e a inscrição "Made in Brazil". Pode-se ver, ainda, a data de fabricação: maio de 2011.

— No Bahrein há gás francês, americano, o brasileiro. A situação está piorando muito — denunciou a jovem.

O mistério sobre que substâncias estariam provocando tamanho desconforto no Golfo Pérsico, no entanto, continua. A empresa responsável pela fabricação das temidas bombas de gás, a Condor Tecnologias Não Letais, localizada em Nova Iguaçu, nega ter exportado para o Bahrein. Especializada em equipamentos para conflitos urbanos, a companhia assegura que, se usados corretamente, seus armamentos não causam mortes — e todas as negociações são controladas pelo Ministério da Defesa e pelo Ministério das Relações Exteriores.

"Os produtos não letais são projetados especificamente para incapacitar temporariamente as pessoas, sem causar-lhes danos irreparáveis ou morte. O material não pode ser empregado fora desse propósito", ressaltou a empresa, em um comunicado.

Ainda de acordo com a companhia fluminense, os produtos devem ser usados estritamente conforme os manuais de instruções, sendo imperativo que sejam operados apenas por pessoas treinadas e qualificadas.

A Condor confirma que fornece armas não letais para mais de 35 países, inclusive árabes, embora não diretamente para o Bahrein. Mas, como há tropas estrangeiras atuando na repressão a pedido do governo — como as da vizinha Arábia Saudita — o caminho de Nova Iguaçu a Manama, aparentemente tão longínquo, ganha um atalho.

Publicado no O Globo, 09 de janeiro, 2012

Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/mundo/bahrein-gas-lacrimogeneo-brasileiro-faz-vitimas-3598846#ixzz1j0GestaZ

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Xiitas
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