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Não ao golpe turco, sim à democracia

Rasheed Abou-Alsamh
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Rasheed Abou-Alsamh
July 25, 2016
March 16, 2022
O presidente Recep Tayyip Erdogan fala na CNN Turk através do celular no dia 15 de julho, durante a tentativa de golpe militar.
Não ao golpe turco, sim à democracia
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Esta coluna foi publicada no O Globo de 22 de julho, 2016:

Por Rasheed Abou-Alsamh

O presidente está enfraquecendo o país com sua caça às bruxas, que devasta as Forças Armadas e a Educação turcas

A tentativa de golpe militar na Turquia na semana passada deixou todos nós de boca aberta. Apesar de o país ter uma longa historia de golpes militares (quatro aconteceram de 1960 até hoje), ver esta tentativa se desenrolar ao vivo na TV e no Twitter foi excitante e chocante ao mesmo tempo.

O presidente Recep Tayyip Erdogan estava de férias num resort com a família quando a tentativa de golpe começou em Istambul, no dia 15. Soldados rebeldes bloquearam a ponte que liga a parte europeia à asiática dessa grande cidade. Vimos tanques nas ruas, e depois que Erdogan lançou um apelo à população para defender a democracia, milhares de homens agitando a bandeira vermelha turca e subindo em tanques. Não deixariam este golpe ter êxito.

É muito irônico que Erdogan tenha sido forçado a usar o aplicativo de celular Facetime para entrar ao vivo na CNN Turk durante a tentativa de golpe, e o Twitter também. Irônico por causa do seu desprezo pela liberdade de expressão. Um grande jornal crítico ao seu governo, o “Zaman”, foi tomado à força em março deste ano. Temos notícias de que 20 veículos de informação foram fechados depois desse golpe fracassado, por serem considerados anti-Erdogan.

O presidente culpa o clérigo muçulmano Fetullah Gulen, exilado nos EUA desde 1997, que controla uma rede de instituições religiosas e escolas laicas. Gulen nega a acusação, e seus correligionários já foram, no passado, alvos de um expurgo no governo e nas Forças Armadas. Agora, um novo expurgo está em andamento, com quase 60 mil militares, funcionários públicos e professores presos e/ou demitidos por suspeita de apoiar o golpe. Como um internauta comentou no Twitter, se todos esses demitidos realmente fossem contra o presidente, o golpe teria sido bem-sucedido, e Erdogan estaria no fundo do Bósforo.

O presidente está enfraquecendo o país com sua caça às bruxas, que devasta as Forças Armadas e a Educação turcas. Quinze mil e duzentos professores e funcionários do Ministério da Educação foram suspensos, e as licenças de 21 mil professores de escolas particulares revogadas; 2.745 juízes e promotores demitidos, bem como governadores províncias e 47 governadores distritais. O Ministério do Interior, responsável pela segurança interna, suspendeu 8.777 oficiais, incluindo 7.900 policias que tiveram que entregar suas armas e identidades de policiais. Mais de seis mil oficiais e soldados foram presos, muitos forçados a se sentar no chão somente de cueca e espancados. Essa humilhação pública não pode ser boa para o moral dos militares.

O problema com tanta humilhação e demissão de funcionários públicos e militares é que a Turquia é um país importantíssimo para o combate ao Estado Islâmico e na guerra civil síria. Já abriga mais de três milhões de refugiados sírios e, como membro da Otan, tem as maiores Forças Armadas depois dos americanos. E, como uma democracia bem-sucedida, servia como exemplo para outros países muçulmanos do Oriente Médio, apesar das intervenções frequentes de Erdogan. Mas, agora, a democracia e suas instituições, como Judiciário independente e liberdade de expressão, estão seriamente ameaçadas pelas ações despóticas de Erdogan esta semana. E com as Forças armadas humilhadas e enfraquecidas, isto pode dar problemas ao andamento da guerra contra o EI. Os americanos têm uma base aérea estratégica em Incirlik, que usam para lançar ataques ao EI e armazenar armas nucleares.

“Esses números de detenção são enormes. A imagem das Forças Armadas turcas foi seriamente prejudicada,” disse Metehan Demir, um analista militar e jornalista na capital, Ancara, ao jornal “The Christian Science Monitor”. “A Turquia tem lutado contra o Partido dos Trabalhadores Curdos (PKK) e o EI por muito tempo, e precisa de pessoas-chave, os peritos, para levar a cabo esta guerra de forma profissional. Nós estamos preocupados com isso. Se o Estado sabia antes dessas pessoas pró-golpe, por que não tomou as medidas necessárias? Essa é a questão,” acrescentou Demir.

Ninguém nega que Erdogan foi eleito democraticamente e que tem apoio popular. Mas suas tendências autoritárias preocupam a oposição e os turcos mais liberais, que não gostam do islamismo do partido do presidente e que têm medo que o Estado laico estabelecido por Mustafa Kemal Ataturk em 1923, com a Independência da Turquia, esteja sob ameaça. Ataturk baniu o véu feminino em público, e secularistas têm defendido isto ferozmente por décadas. Erdogan deixou o véu voltar — a mulher dele usa —, e isso tem dado calafrios em secularistas. Eu acho que o uso do véu não deveria ser compulsório. Cada mulher deveria ter a liberdade de decidir.

A comunidade internacional, em especial os EUA e a Comunidade Europeia, tem que expressar a importância de manter uma democracia forte e vibrante na Turquia. Para isso, soldados presos não deveriam ser humilhados e nem agredidos. E é preciso haver julgamentos justos para averiguar se deram apoio à tentativa de golpe. Os professores suspensos, depois de investigação, têm que voltar às salas de aula se considerados inocentes. Os juízes demitidos devem ter o direito de contestar judicialmente suas demissões. E, finalmente, a imprensa livre e independente tem que ser respeitada e deixada à vontade para fazer o seu trabalho.

Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/opiniao/nao-ao-golpe-turco-sim-democracia-19761758#ixzz4FWtexYxT

Rasheed Abou-Alsamh
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